sexta-feira, 25 de março de 2011

A descoberta do complexo de Galerias em Gisé


 Em outubro de 1995 a Organização de Antiguidades Egípcias finalmente decidiu reformar o velho estacionamento a leste da Esfinge. Enquanto limpava a área, em frente a Esfinge e o Vale do Templo, numa ‘virada de sorte’, um dos trabalhadores desenterrou parte de um antigo complexo de galerias e passagens subterrâneas. 

     Ouvindo falar sobre esta descoberta providencial, Graham Hancock e eu (Robert Bauval) planejamos uma curta viajem ao Egito para vermos por nossos próprios olhos o que estava acontecendo. John Anthony West estava a caminho de lá, e então decidimos encontrá-lo diretamente em Giza. Quando nós chegamos lá encontramos o lugar fervilhando em atividade.

     Dezenas de operários e pedreiros estavam escavando e limpando a área em frente à Esfinge e seus templos. Por um golpe de sorte as autoridades Egípcias ainda não haviam isolado a área, então perguntamos a um dos inspetores responsáveis se poderíamos dar uma olhada mais de perto. Era um pouco difícil de dizer o que estava realmente acontecendo ali. Parecia que ninguém estava muito certo. Parecia que parte da área já havia sido escavada alguns anos antes mas, por razões desconhecidas, voltou a ser enterrada.

     Isto ficou evidente pelos remendos feitos com argamassa moderna e barras de ferro que foram deixadas fincadas no teto das antigas passagens, provavelmente numa tentativa de sustentar e reforçar as relíquias. Um inspetor na área nos disse que estas construções adicionais teriam sido feitas senão quando o egiptólogo Selim Hassan limpava a área para a Organização de Antiguidades Egípcias na década de 30, ou quando mais tarde, na década de 50, o Sans Et Lumieres, teatro ao ar livre, foi construído nas redondezas.

     Mas porque os vestígios foram enterrados novamente, e porque e como eles vieram a ser esquecidos permanece um mistério.

     Estes vestígios consistiam em uma via principal cortada em rocha bruta (10 pés/3 metros de largura e 200 pés/61 metros de comprimento do norte ao sul) que corre em frente ao Vale do Templo e a Esfinge. Esta "artéria", ou estrada, é interceptada por dois caminhos pavimentados vindos do Vale do Templo e indo para o leste – muito parecido com duas pequenas pontes sobre uma estrada reta. Estes caminhos misteriosamente mergulham no fim do lado da ponta leste e então desaparecem no solo. Também notamos um "bueiro" muito curioso na "artéria principal" no ponto onde cruza com a passagem mais ao sul. Sua tampa, a qual é feita de uma única pedra calcária, está quebrada num dos cantos e através dela nós pudemos ver água correndo (misturada com o esgoto da vila das redondezas) na direção da Esfinge e do Vale do Templo.

     O complexo todo é obviamente muito antigo e quase certamente da mesma época da Esfinge. Mas qual seria sua função? E qual era o propósito das galerias subterrâneas de água? De acordo com um antigo mito egípcio, os legendários portões do Pós-Mundo eram guardados por dois leões gigantes ou esfinges chamadas Aker. Nos desenhos da tumba da Nova Monarquia, a esfinge Aker do portão leste se senta orgulhosa com sua parte posterior num vale ou canal. Em baixo dela pode ser visto um curioso canal ou duto subterrâneo. Atrás das torres de leão ficava uma enorme colina, ou pirâmide e sob ela há uma grande câmara oval que parece ser hermeticamente fechada.

     É dito que esta misteriosa câmara guarda um grandioso segredo, sem dúvida dos "deuses" que governaram a terra do Egito durante a remota época de ZEP-TEPI – "A PRIMEIRA VEZ" (ver A Idade da Esfinge). Esta estranha câmara era chamada de "Casa de Sokar" em Rostau. A semelhança com o complexo da Esfinge em Giza é fantática. Giza, nos tempos antigos, era também chamada de Rostau, e Sokar (uma divindade com cabeça de falcão) era identificado com Osíris. Estranhas coincidências? Talvez.
Robert Bauval
Publicado na revista AA&ES, agosto 1996

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